sábado, 5 de dezembro de 2009

Agosto

De repente, Agosto
Eis que trouxe feixes de luz para a Escuridão
Iluminou minhas noites sem estrelas
E floresceu o amanhecer dos meus dias

Ah, Agosto sem horizonte, ausente de promessas...
Tu és passageiro como as horas que seguem seu curso
Como os meses que terminam, ano após ano...

De repente, dezembro e dezembros
Nunca mais Agosto

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Há em minhas veredas lençóis emaranhados de caminhos tortos

Estou a desatar os nós dos questionamentos, que me levarão deliberadamente para onde eu não sei.

Se pudesse, ludibriaria a incerteza de faceta sedutora e perturbadora, tomaria dela a receita para controlar emoções conduzidas pela avidez do desejo.

E não é mau... Não é mau, se não deixarmos que a fraqueza nos abarque, que nossos preceitos sejam molestados.

Aonde vão meus passos carregados de silêncio inquietante?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Notas

Às vezes, eu sonho
Sonho que caminho sobre ladrilhos suaves e brilhantes
Sonho que sinto o cheiro da terra molhada de um lugar que desconheço
E como é bom...
Como é bom sonhar, sentir a alma leve, apreciar a doçura e o amor que estão por trás das notas
As notas que fluem assim como meus pensamentos brancos, brandos como algodão doce
Como é bom ficar perdida ouvindo e sentindo apenas os sentidos, que nos proporcionam emoções e sensações mágicas, inocentes e perfumadas como as flores azuis e as rosas amarelas
Seus perfumes que trazem conforto, descanso e nos desencantam das amarguras

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Inconcluso

Escrevia-lhe secretamente
Quisera proferir seus desejos íntimos e torpes
Ao fechar dos olhos, perdeu-se nos caminhos flutuantes e embriagantemente doces das palavras
Deu início à construção de retalhos simbólicos, dos traços de sua escrita simétricos e perfeitos
Pretendia a retratação exata do que sentia...
Algo que definia como anestesiante, que tomava toda a essência da sua alma
Onde a perda da razão provocava-lhe êxtase
Podia sentir paradoxalmente o corpo quente e o frio no estômago
Seus lábios ficaram molhados e sedentos, uma provocação dos seus desejos, outrora, íntimos
Desejo de sentir, de tocar e de estar.

sábado, 6 de junho de 2009

O Cravo e a Rosa

De repente, o Cravo fora amaldiçoado pelo silêncio.
Ele nunca mais proclamaria a sua amada Rosa
O amor que sentia por ela.

Desesperado, ele tentou inutilmente proferir-lhe algumas palavras, as últimas que fossem, mas nada se ouviu além de um profundo calar.

A Rosa, achando que o amor do Cravo havia acabado, se abateu numa dolorosa melancolia.
E eles permaneceram ali por um bom tempo sem nada dizer ao outro.

Com o tempo, a Rosa começou a murchar.
E o Cravo, ao ver aquilo, desejou morrer também.
Houve que, num último instante, seu caule tocou a terra, e riscou.
Imediatamente, os riscos tomaram formas sincronizadas, símbolos e palavras harmônicas.

Era tudo o que ele tinha guardado para dizer a Rosa.
A Rosa refloresceu.

sábado, 30 de maio de 2009

Inspiração...
A percepção da suavidade das flores
A fragrância doce do seu perfume
O ar...
Essa necessidade básica de sobrevivência
Tem deflagrado, como um monte de areia amontoado pela aspereza da maresia
E que as ondas, impiedosamente, afastaram-no dessa alma partida
O coração não canta, nem ouve as badaladas dos sussurros trepidos
Os olhos são maculas que projetam passados acalentados
As mãos não reconhecem as superfícies que tocam
A sensibilidade foi violada pelo casco grosso de uma árvore morta

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Nunca diga para sempre! Não somos para sempre.Mas assim podemos ser, caso façamos com que as nossas histórias sejam propagadas.Como isso é possível?! Ora, registre suas alegrias, suas tristezas, sua sabedoria e experiências.Seja indispensável, através dos seus registros não necessariamente escritos, para pelo menos uma lição de vida ensinada.Certamente, os mais próximos serão seus discípulos.Deixe frutos, rastros de que um dia viveu, sentiu e morreu para que outros possam vir e aprender como você aprendeu.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Não há saudade

Pior do que não saber o que é o amor é saber e não tê-lo mais...

The nostalgia degrades us. It disturbs our conscience with bitter substances.
Corrói a saúde da alegria
Deixa-nos num estado de desagrado constante
Há quem lute bravamente para reprimi-la

Mas é como se estivéssemos desbravando caminhos escusos
Não sabemos para onde vamos, o que nos espera. Nada sabemos!
Ainda assim é preferível o desconhecido a ficar
Essa é a saudade que dói!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cólera

Tomada por um vazio cravado em minhas entranhas
E com a alma ressequida pela ausência de amor
Percorro caminhos torpes em busca de quem acolha meu silêncio gritante
Numa insistência ímpeta para que a cólera não acometa minha alma
Não arranque de mim o último suspiro de esperança de um dia saber o que é viver.
Quantos passados mais reviverei sozinha?
Quantas vezes vou me arrepender de ter rasgado as cartas?
Preciso saciar minha saudade, que ela está faminta, ela está com sede...
E quanto às fotografias? Como pude tê-las apagado, elas que eram memórias táteis, vivas, se não consigo me livrar das lembranças? Essas me atormentam.
Olhe para mim!
Venha comigo, querido!
Que o futuro é incerto, e embora não nos pertença, poderemos torná-lo próspero, se assim o quisermos
Que eu estou aqui para dividi-lo e vivê-lo com você
Não, eu não vou olhar para trás
Para quando planejávamos vivê-lo, quando nos perguntávamos o que será do nosso amanhã
Tão logo ele chega
Estarei aqui para vivê-lo com você.

Força

Concede-me, Força, impetuosa já que tu és, a perspicácia do gozo
Permita-me não esquadrinhar pedaços de papéis picados, estes, que com o passado se foram...
Leva-me contigo e, se possível, remove das reminiscências minhas o gosto trepido das palavras difusas
Acalenta, Força, o meu semblante
Enche-o de leveza e de coragem para fazer-me retomar o caminho, outrora, traçado.

Um conto para um amigo

No começo, ela apenas o espreitava de longe
Ficava horas e horas contemplando o olhar dele, pois era tudo o que lhe sobejava
Estava encantada e absorta com as histórias que ele contava
Todos os dias o esperava ansiosamente para que ele lhe contasse histórias, para que ele a fizesse se libertar, ainda que temporariamente, do mundo, da realidade, do tempo...
Depois de cada história, ela sentia uma profunda delicadeza e uma alegria resplandecente, e essa alegria tornava-se cada vez maior, com o passar do tempo
E chegou a tal ponto que essa felicidade ficou maior do que ela mesma, ela se viu tomada por aquele sentimento de completude – nada mais a importava, tudo estava ali, quando ela estava com ele
Então todos os dias ela dormia, e todos os dias ela acordava
E esperava que mais uma vez ele voltasse e lhe contasse histórias.

Sobre o amor...

Estava ouvindo a música “Love is in the air” interpretada por John Paul Young que me fez levantar uma questão:
Onde está o amor?
Já vi e ouvi tanto sobre o amor, mas onde ele está? Será que ele existe mesmo?
Seria o amor uma figura lendária, fruto da imaginação daqueles que ainda sonham?
Ora, para responder a essas perguntas busquei fundamentos nas experiências, nos livros, nas teorias.
Descobri que é muito difícil definir o amor. Ele é tão surreal que toda e qualquer resposta não o define completamente.
O amor é imensurável, indefinível, particular e ao mesmo tempo universal.
Apresenta várias facetas que se sobrepõem de maneiras distintas onde quer que ele ocorra.
O amor é tão perfeito que é imperfeito.
Existem várias formas de amor, ele é como um vírus.
Quando estamos perto de encontrar a sua substância, ele se transforma.
O amor está em nossa essência, nos acompanha todos os dias, em todos os lugares, em todos os momentos enquanto vivemos.
O amor existe! Em alguém, em algum lugar ou em todos nós.
Não podemos tocá-lo, mas podemos senti-lo e não podemos defini-lo porque não podemos medir a sua proporção.
Portanto, não fiquemos preocupados em encontrá-lo! Vamos sentir, mas sem vulgarizá-lo.
Se assim o fizermos, ele deixará de ser místico. É... O amor é místico. E é por esse motivo que tantos o almejam, mas nem todos estão habilitados a amar.
"Poucos estão habilitados a amar. E destes, tão poucos pareçam dispostos a realmente fazê-lo."